Granja: 288 raios atingiram Ceará em 4 dias e o município de Granja ainda é o líder com 89 descargas elétricas neste ano

De 1º a 4 de janeiro, foram registrados 288 raios no Ceará, um número cerca de 20% maior se comparado a igual período do ano passado. De acordo com dados da Enel Distribuição Ceará (antiga Coelce), o município de Granja, na região Norte segue, desde o ano passado, como líder na incidência do fenômeno, já tendo registrado 89 descargas elétricas neste ano.

Em 2016 foram registrados 22.596 raios no Estado. No ano anterior foram contabilizados mais de 140 mil raios em todo o Ceará. Em 2016, o Município de Granja já era o que contabilizava o maior número, 1.291, seguido de Santa Quitéria (946) e Sobral (941).


Redução

Segundo o gerente de operações da Enel, Eduardo Gomes, embora possa parecer uma quantidade alta, o número de descargas atmosféricas tem diminuído ao longo dos últimos tempos.

"A gente tem percebido que, nos últimos anos ele tem se mantido estável e diminuído um pouco, em relação aos anos anteriores, porque está associado à quadra chuvosa. Estamos passando por um período de seca, que faz com quê as incidências de raios diminuam", afirmou. Neste período de pré-estação chuvosa, ele explicou que, curiosamente, o número de raios está aumentando no Estado.

"A curto prazo, eles têm se intensificado. Daí não podemos dizer que neste ano vai cair mais raios. Vai depender do período chuvoso, se ele vai se configurar realmente", explica o gerente.

Na maior parte das vezes os raios são originados das nuvens do tipo cúmulo nimbus. No sertão, elas são conhecidas pela sua cor mais forte e escura. É aquela que aparece no céu e impressiona quem a vê. Essas nuvens são maiores do que as de outros tipos, o que contribui para provocarem as descargas.

Conforme o meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Raul Fritz, a incidência de raios é ocasionada por um tipo de formação de nuvem chuvosa que se origina a partir de dois fenômenos meteorológicos.

"Isso pode ser devido a uma proximidade da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que mesmo estando sobre o oceano, influencia a parte norte do Ceará, do Piauí e do Maranhão. Ao mesmo tempo tem outro fenômeno, que são os Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN), que atuam no Nordeste", detalhou Fritz.

Medo

Essas mesmas nuvens, que trazem a esperança de êxito nos plantios e recarga nos açudes, são também as que provocam outros fenômenos como as chuvas de granizo, fenômenos que já ocorreram no Estado do Ceará, segundo Raul Fritz. O meteorologista se vale do relato da chuva de granizo no Estado, para reforçar a hipótese de que, de fato, a maior incidência de raios esteja ligada à existência deste tipo de formação de nuvem.

O fenômeno é motivo de apreensão e medo nas cidades do Interior, particularmente na zona rural. Foi o que aconteceu com Suzana Correia Colares, 33. Ela não esquece da tempestade de raios que presenciou de dentro de casa, na localidade de Muriá, zona rural de Banabuiú. O desespero era maior porque Suzana estava com uma criança recém-nascida.

"Eu estava sozinha com minha filha, uma criança de um mês. Eu nunca tinha visto isso em minha vida. Fiquei muito assustada". As descargas atmosféricas foram até cerca de 2h30 da madrugada. A TV da casa, o gelágua, o computador, o som, o freezer e a geladeira da residência foram queimados.

"Quando relampejava, saía faísca das tomadas", relata. A dona de casa ainda conta que o impacto provocado por um dos trovões rachou um balcão de cimento que era revestido com azulejos. "Trincou e alguns pedaços chegaram a voar com a força da descarga", lembra.

A cena se passou há quase um ano, em uma das mais fortes tempestades de raios e trovoadas que os cerca de 100 moradores daquela localidade afirmam já terem presenciado.

Com o início da pré-estação e a proximidade da quadra chuvosa, a ordem é se prevenir e tomar medidas de segurança, como não permanecer em locais ermos, tomar banho em espelhos d'água ou ficar embaixo de árvores. Somente nos quatro primeiros dias de 2017, o índice de raios já é maior do que o mesmo período de 2016.

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